Era 23 de dezembro de 1965 quando a Família de Schoenstatt recebe o anúncio de um grande presente, algo que se pode chamar de “milagre de Natal”: pela primeira vez, depois de 14 anos de exílio, o Pe. José Kentenich celebraria a Noite Santa em Schoenstatt, no Santuário Original.
Às vésperas do Santo Natal de 1965 Pe. Kentenich estava em Roma aguardando as decisões da Igreja sobre seu futuro e o futuro da Obra de Schoenstatt. Como foi recordado, o dia 22 de dezembro marcou a história do Movimento Apostólico de Schoenstatt, pois foi o dia no qual o Papa Paulo VI recebeu o Pe. Kentenich em uma audiência, dando-lhe sua bênção e agradecendo pela fidelidade ao longo dos anos de exílio.
De fato a Igreja reconheceu a origem divina de Schoenstatt e aprovou sua espiritualidade, mesmo assim Pe. Kentenich ainda não poderia deixar a cidade de Roma sem autorização do Santo Ofício, por conta da burocracia.
Fazia nessa ocasião 14 anos que o Pai e Fundador não visitava o Santuário Original. É impossível imaginar a saudade que existia em seu ser de estar ali fisicamente, apesar de seu coração permanecer abrigado permanentemente no lar original da Família de Schoenstatt.
Quando contemplamos um milagre
No período que passaram em Roma, os membros do Movimento que acompanhavam o Pai tinham muita esperança de que ele pudesse passar o Natal em Schoenstatt, mas conforme os dias iam correndo, se convenciam de que isso era impossível. Somente o Pe. Kentenich parecia não estar totalmente convencido disso.
O dia 23 de dezembro, uma quinta-feira, desponta sem muitas expectativas, tudo era silencioso na casa onde estavam abrigados. Algumas Irmãs de Maria vão à cidade para comprar os presentes de Natal e todos começam a se preparar para celebrar o nascimento do Menino Jesus ali mesmo, em Roma.
Porém, esse sentimento não duraria por muito mais tempo, já que uma grande notícia, algo que parecia impossível, tornaria a Noite Santa de 1965 inesquecível. Mathilde Thorae, da União Feminina, estava entre o grupo que acompanhava o Fundador em Roma e conta:
Pouco antes das 12 horas, eu e outra unionista queríamos pedir ao Senhor Padre (Pe. Kentenich) para falar algumas palavras no gravador para o nosso congresso de dirigentes. Encontramos o Senhor Padre no corredor a caminho do telefone. […] Depois de alguns minutos, ele voltou. Alegre e comovido, ele estendeu suas mãos e disse: ‘O Pai pode ir para a Alemanha!’.
Ele recebeu esta notícia, pelo Cardeal Hildebrando Antoniutti. Seus olhos brilharam como eu nunca tinha visto antes. Quando algo tão esperado de repente se torna realidade, a gente quase não pode compreender.
Nós perguntamos apenas: “Quando???”
Ele respondeu: “Como o Pai quer, logo, imediatamente!”
Dissemos: “Podemos contar isso aos outros?”
“Sim!”
Corremos até o quarto mais próximo, que era do Pe. Franz Betzler, que logo foi ao quarto do Sr. Padre. Depois, subimos depressa a escada, procuramos as Irmãs. Num instante todos se encontravam no quarto do Senhor Padre, imensamente felizes. Quase não é possível contar este acontecimento. Alegremente falamos e planejamos.
O Senhor Padre disse: “Mas foram desmarcadas todas as passagens de avião”. “Não” – respondeu Ir. M. Edelgart [Detscher] – “estas eu deixei reservadas até amanhã, às 13 horas”.
Diante dessa notícia e depois de agradecerem juntos à Mãe e Rainha, todos começam a se organizar para a viagem, arrumar as malas, documentos e tudo mais. A novidade é recebida em tom de festa na Alemanha, agora todos desejam ir a Schoenstatt para a Noite Santa. No dia 24 de dezembro tudo estava pronto. Ir. M. Erika Molitor, que também estava em Roma, narra:
Às 12 horas, o ônibus que nos levaria ao aeroporto estava na frente da casa. Todos os passageiros esperavam com sua bagagem no hall da entrada. Eles foram solicitados a preparar sua passagem e seu passaporte. Faltava o passaporte do Senhor Padre. Ir. M. Winfriede tinha ido com todos os passaportes ao aeroporto para comprar as passagens. Parecia que ela não havia devolvido o do Senhor Padre. Todos os olhares caíram sobre Ir. M. Winfriede. Ela começou a procurar e tirou tudo de sua mala, mas sem êxito. Então, ela foi até a capela e rezou. O Senhor Padre permaneceu bem silencioso em nosso meio. De repente, ele disse: “Então, vou ficar aqui!”. Espontaneamente, o Pe. Betzler foi ao seu encontro e disse: “Eu também não preciso viajar”, o Senhor Padre respondeu: “Sim, Franz, então o senhor fica comigo!”. Entretanto, Ir. M. Winfriede voltou, tirou tudo da mala novamente e, finalmente, encontrou o passaporte do Senhor Padre.
Durante a viagem para o aeroporto, reinava uma atmosfera alegre e feliz no ônibus. Cantamos um canto após outro e estávamos felizes como crianças. Íamos ao encontro do “Milagre da Noite Santa”.
Hoje, […] lançando um olhar àquele tempo, podemos confessar com gratidão: “Sim, vivenciamos o ‘Milagre da Noite Santa’. Podíamos quase pegar com as mãos o poder de Deus e da Mãe de Deus”.
O ‘Milagre da Noite Santa’ é o selo divino na missão de Schoenstatt, pela qual nosso Pai viveu, sofreu e se sacrificou. Ele nos compromete por todos os tempos, em todos os lugares, a uma contínua e profunda gratidão, a um empenho incansável e a uma fidelidade inquebrantável.
Fonte de pesquisa: Congressos de Outubro em Schoenstatt
Fonte: www.maeperegrina.org.br