Ir. M. Nilza P. da Silva – Não se deve estranhar que a Família de Schoenstatt acentue tanto a vinculação ao Fundador.
É uma realidade que todas as comunidades vêem em seu fundador um instrumento predileto do Senhor e reconhecem, por meio dele, a vontade de Deus.
Pensemos, por exemplo, em São Bento os beneditinos, em São Francisco de Assis e os franciscanos, em Santo Inácio e os Jesuítas, em Santa Teresa d’Ávila e as carmelitas, em São Tiago Alberione e a Família Paulina, em São José Maria Escrivá e o Opus Dei, em Chiara Lubich e os Focolares, e em tantos outros fundadores de movimentos eclesiais que vão infundindo uma nova vitalidade na Igreja atual.
Os últimos Papas têm acentuado a necessidade de que, sempre mais, as comunidades religiosas aprofundem e vivam o mais intensivamente possível o carisma de seu Fundador e se distingam pelo fiel seguimento de sua pessoa e de seus ensinamentos. Desse modo, se assegura a vitalidade do Corpo de Cristo, que mostra a sua riqueza e unidade na diversidade dos carismas que o Espírito Santo suscita na Igreja.
Segundo o Concílio Vaticano II, uma das chaves da vitalidade e renovação da vida religiosa é precisamente a fidelidade ao espírito do Fundador.
Favorece o bem da Igreja que os Institutos tenham seus caráter e funções próprias. Portanto, o espírito e os objetivos de cada fundador deveriam ser fielmente aceitos e mantidos, como certamente deve ser a tradição de cada Instituto, pois, tudo isso constitui o patrimônio do Instituto (Perfectae Caritatis, 2).
O Papa Paulo VI dizia sobre isso:
(Mantenham a fidelidade) ao espírito de vossos Fundadores, a suas intenções evangélicas e ao seu exemplo de santidade. As comunidades religiosas mantém sua vitalidade e são frutuosas somente enquanto permanecem e respiram em sua fundação e em suas obras, em seus costumes e na vida de seus membros, o íntegro espírito de seu Fundador. É precisamente aqui onde se encontra seu meio de subsistência e o dinamismo próprio de cada família religiosa.
O Papa João Paulo II, na audiência da Família de Schoenstatt, em 1985, disse em seu discurso:
A experiência secular da Igreja os ensina que a íntima vinculação espiritual à pessoa do Fundador e a fidelidade à sua missão – uma fidelidade que está sempre de novo atenta aos sinais dos tempos – são fontes de vida abundante para a própria fundação e para todo o povo de Deus.
Vós sois chamados a participar da graça que vosso Fundador recebeu e a colocá-la a disposição de toda a Igreja. Porque o carisma dos Fundadores se revela como uma experiência do Espírito, que é transmitida aos seus seguidores, para que vivam, protejam, aprofundem e desenvolvam constantemente em comunhão e para o bem da Igreja, a qual vive e cresce em virtude de sua fidelidade ao seu Divino Fundador (Roma, 20.09.85).
Além do que tem validade para todos os Fundadores da Igreja, a profunda vinculação da Família de Schoenstatt ao seu Fundador, Pe. Kentenich, está intimamente unida a originalidade do carisma de Schoenstatt.
Em meio a um mundo, no qual experimentamos cada dia em forma mais intensa a destruição de todos os laços de amor e os vínculos pessoais, tanto no campo familiar como social, Schoenstatt se sente chamado a cultivar em profundidade todos os vínculos desejados por Deus. Dentro disso, a relação filial com o Fundador ocupa um lugar central. Schoenstatt vê em seu Fundador um reflexo de Cristo e, de modo especial, de Cristo Filho do Pai. Por ele, o Padre Kentenich é para seus seguidores, de modo especialíssimo, um reflexo e “transparente”, de Deus Pai.
Um caminho para a vinculação a Deus Pai
Hoje, mais do que nunca, torna-se difícil abrir o coração a um Deus que é Pai, porque de modo geral a vivencia paterna é marcadamente negativa: pais ausentes, pais autoritários, país débeis, dificultam a recepção alegre da Boa Nova de Deus Pai. Nesse horizonte, o fruto do vínculo filial ao Fundador se tem mostrado como um caminho privilegiado para se chegar a uma vivência profunda de um Deus pessoal e tem sido como um paradigma que ilumina a senda daqueles que estão chamados a exercer a paternidade.
Por outro lado, o vínculo ao Fundador constitui para Schoenstatt a garantia de ser Família, por assim dizer, de viver a fraternidade por meio da vinculação comunitária ao Fundador e na responsabilidade de oferecer para a Igreja e o mundo, em dependência dele, o carisma que Deus lhe confiou.
Um tatear dos planos de Deus
A importância do vínculo pessoal com o Padre Kentenich não esteve sempre em primeiro plano na Obra de Schoenstatt. Durante o seu início, o Fundador permaneceu conscientemente em segundo plano. Sem dúvida, o seu contato pessoal com os membros de sua Obra foi intenso, mas, essa vinculação era vivida de forma espontânea e irreflexiva.
O crescimento da Família em número, sua estrutura federativa e, não em último lugar, a necessidade de incentivar o “renascer do ser, da atitude, do sentir e atuar do pai na ordem natural”, fizeram surgir muito mais, na Família, a consciência da importância da pessoa do Fundador.
Essa posição do Fundador dentro da Obra foi provada e esclarecida nos anos de sua prisão no Campo de Concentração de Dachau e, posteriormente, durante o tempo de seu exílio em Milwaukee/EUA, deixando bem claro que Schoenstatt não pode existir e nem servir de modo frutuoso a Igreja sem uma genuína vinculação ao seu Fundador. (Fonte: Site da Mãe Peregrina)